sábado, 19 de dezembro de 2009

A Virtude da Esperança


“Espera no Senhor!” Eis o que um antigo escritor, quem sabe terá sido um profeta, afirmou há muitos séculos atrás. Como numa noite escura, daquelas em que a tempestade aterroriza o mundo inteiro, a esperança de que a noite avança e caminha rumo à aurora é mais forte do que a tormenta. A esperança de que o sol vai nascer radiante e vencerá, ao surgir, as nuvens negras, é uma certeza que consola o coração. Como o sol que desponta e ilumina a escuridão, a esperança em Deus vence toda e qualquer treva que envolve a alma.

A vida humana é frágil, curta e repleta de desafios, tristezas, frustrações, perdas, aflições, preocupações, solidão e dor. Cada dia traz consigo a incerteza e a incapacidade como algo constante ao viver humano. Tudo é um desafio que não se acaba, desde o momento do despertar até o momento de adormecer. As horas correm preenchidas com afazeres, correrias, discussões, escolhas e perdas, num ritmo inclemente. O tempo vai passando e, por ser um carrasco impiedoso, vai dando fim à doçura da vida, à beleza da amizade, à nobreza da solidariedade e inocência da alma. E o que fazer diante de tudo isto?

A vida humana é forte, pois há no coração de todo homem o desejo infinito de viver e permanecer vivo.

A vida humana possui sobre a terra o tempo que Deus considera o necessário e suficiente para o homem andar em seu caminho e rumar à morada eterna para gozar da vida eterna na presença de seu Criador.

A vida humana é repleta de vitórias, conseguidas muitas vezes a duras penas mas, por isso mesmo, muito valorosas e dignas.

A vida humana é cheia de alegrias, realizações, conquistas, contentamento, conforto, amizades e felicidade. Cada dia traz consigo a maior dádiva de Deus ao ser humano, isto é, a dádiva da vida.

A vida humana é mais completa quando se faz em meio à solidariedade e à amizade. Os laços de amor baseados na pura e simples amizade entre os seres humanos são como que uma sustentação firme durante a caminhada rumo à eternidade. O amor que nasce e se desenvolve baseado na amizade é um reflexo do amor de Deus para com o ser humano.

Por tudo isto, a vida humana é um ato de esperança contínuo. Esta esperança é o que, em conjunto com tantas outras dádivas de Deus, preenche o coração do homem e ergue seu espírito em direção à contemplação de seu Criador.

É a esperança o que é capaz de sustentar a vida em todo o tempo em que esta se desenvolve e se mantém. Nos momentos de dor, é a esperança que consola o coração e lhe dá forças para seguir lutando. Nos momentos de alegria, é a mesma esperança que também faz o coração ser mais leve e grato.

Deus, que nunca deixa o ser humano desamparado, mostra-se presente nesta virtude, a qual é um dom também gratuito do Senhor. Tudo que Deus fez foi por amor gratuito e tudo o que Deus colocou no coração do homem também foi por amor gratuito. A esperança, então, é uma forma de manifestar-se este amor gratuito do Senhor para com seus filhos. Ela é como a voz do Espírito Santo afirmando ao mais íntimo da alma humana a certeza de que Deus está ali ao seu lado.

Portanto, que cada ser humano saiba “esperar no Senhor” com a firme certeza de que o seu Deus e Criador nunca o deixa abandonado.

Nilson Antônio da Silva

sábado, 5 de dezembro de 2009

O Sagrado


Deus é santo. A criação inteira é obra de Deus; portanto, a criação inteira é santa porque reflete em si a santidade de seu Criador.

O ser humano, em seu relacionamento com o divino, isto é, com Deus seu criador, precisa de sinais visíveis para ver manifestado este relacionamento. Ora, para tanto, o ser humano crê racionalmente que determinados objetos signifiquem algo concreto em seu relacionamento com Deus. A esses objetos o conhecimento humano deu o nome de sagrado. Sendo sagrado, o objeto é retirado do uso comum e a ele é atribuído um uso especial, em ocasiões especiais ou durante o tempo todo. Assim, há um respeito não ao objeto em si, mas àquilo que ele significa. O objeto em si continua sendo fisicamente idêntico a tantos outros; entretanto, pelo que significa, torna-se diferente de qualquer outro similar e passa a merecer o respeito daqueles que porventura o toquem ou vejam. Neste sentido, vale ressaltar que o respeito deve ser tanto daqueles que determinaram o caráter sagrado do objeto quanto – e tanto mais! – daqueles que sabendo ser sagrado o objeto porventura venham a ter contato com o mesmo.

Por isso, tem caráter sagrado toda e qualquer bíblia, seja ela editada por católicos, protestantes ou judeus. Trata-se de livro contendo a Palavra de Deus e, portanto, é sagrado.

Tem também caráter sagrado o livro com as palavras de Maomé bem como os livros com as palavras antigas dos povos do oriente. Aqui se entenda por povos do oriente os povos da Índia, da China, do Japão e de tantas outras terras distantes.

Tem caráter sagrado as imagens, sejam elas pinturas ou esculturas, as quais tantos povos veneram mundo afora. São imagens veneradas por povos ocidentais e orientais, das mais diversas culturas e religiões. São a expressão viva das crenças de cada povo e, ainda, simbolizam para todos os membros de sua sociedade a fé que professam. Portanto, todo e qualquer objeto sagrado merece ser respeitado. Respeitado por todos. Respeitado por aqueles que o consideram sagrado e por aqueles que sabem que o mesmo é considerado sagrado.

Os templos são sagrados e tudo o que neles está também é sagrado. Então, sabemos que as igrejas – todas as igrejas cristãs – são sagradas, sabemos que todos os templos judaicos são sagrados, sabemos que todas as mesquitas são sagradas. Enfim, todos os templos onde o povo se reúne para orar ao seu Criador, em todos e nos mais diversos pontos do mundo, são sagrados e devem ser respeitados. É dever de todos e de cada um respeitar a dignidade de um local sagrado dedicado à oração.

Todo fiel, ao ver o que considera sagrado ser desrespeitado, sente-se também desrespeitado, pois a dignidade de sua fé foi agredida. O desrespeito dado ao templo ou ao objeto sagrado, para o coração do fiel, é a mesma coisa que ser dado a ele mesmo.

Ora, e por quê argumentar tanto a respeito do sagrado? Por um motivo simples! Nos últimos meses, nesta paróquia de Santo Antônio do Monte, quanto desrespeito com o que é sagrado para o povo desta terra foi visto! A imagem de Nossa Senhora das Dores, que fica exposta há várias décadas na igreja matriz, sofreu duas agressões e, o mais grave, houve o roubo de um sacrário e a profanação de hóstias consagradas. Conforme divulgado pelos padres da paróquia durante as missas, várias hóstias foram encontradas espalhadas na rua. É um fato tão grave que fere o coração de cada católico desta cidade e, por extensão, o coração de cada católico do mundo. Mais ainda, fere o coração de Jesus, já tão maltratado pelos pecados dos filhos de Adão e das filhas de Eva.

As imagens católicas, em estampas e esculturas, presentes nas igrejas, nas casas e tantos outros locais públicos, são símbolos sagrados para nós católicos. Queremos que elas sejam tratadas com respeito e dignidade, pois são a expressão da fé que professamos. Portanto, o desrespeito dirigido a elas é também dirigido a nós que a elas damos o valor e o significado de objetos sagrados.

A hóstia consagrada, para nós, é o próprio corpo e sangue de Cristo, presente no trigo e no vinho. É o próprio Jesus vivo e presente. Deve ser respeitado. Precisa ser respeitado. É o próprio Jesus Cristo presente em carne e sangue!

Nilson Antônio da Silva