quinta-feira, 17 de julho de 2008

Os Caminhos do Senhor


Desde os primeiros tempos, muitos profetas e santos sempre tiveram em sua vida a certeza de que Deus dispõe bem todas as coisas. A vontade do Senhor manifesta-se em sua obra e, em todos os tempos e em todos os lugares, sua presença é o que dá a vida e a mantém existindo. O Senhor, quando nos indica um caminho a seguir, sabe bem o que está fazendo. Ele, que é bom e carinhoso, dispõe o melhor caminho que é de sua vontade para nos levar à sua mesa.

Todos nós seguimos um caminho. E este caminho que seguimos deve conduzir-nos à casa do Senhor. O caminho em que andamos, muitas vezes, dá tantas voltas e torna-se tão difícil de percorrer, que nossos pés se cansam e, assim abatidos, desejamos parar. Mas Deus não quer que fiquemos parados, à beira do caminho da vida, a contemplar o sol nascente e o sol poente. É de seu agrado que continuemos sempre caminhando, mesmo debaixo de tempestades e com os olhos empoeirados. É de seu agrado que nunca desistamos, porque Ele jamais desiste de cada um de nós.

Enquanto caminhamos, muitas vezes também caímos sob o peso que a vida nos traz. Mas isso não é motivo para cair em desespero e abandonar a jornada. Jesus, nos últimos momentos de sua vida aqui na terra, caiu sobre a poeira do chão de Jerusalém. E foram três quedas! E sobre seus ombros havia uma cruz – uma pesada cruz. Ele seguiu até ao topo do monte, vestindo-se com a humildade do pó dos filhos de Eva. Jesus, que poucos dias antes, noutro monte, havia mostrado aos olhos humanos todo o esplendor de sua glória, revestiu-se de humildade e seguiu caminhando para o alto do monte calvário.

Caminhar não é fácil, mas é necessário. Assim como aos pássaros certamente não é fácil voar ou aos peixes também possa não ser fácil nadar, para viverem tanto uns quanto outros precisam voar e nadar respectivamente. Pássaro que não voa não é pássaro e peixe que não nada não é peixe. Desta forma, gente que não caminha, que não quer andar, também deixa de ser gente. E gente só pode ser gente e nada mais!

Portanto, saibamos agradar ao Senhor e seguir em seu caminho. O caminho do Senhor pode ser mais difícil e menos confortável, mas, quando termina, deixa-nos nas portas da casa de Deus. E esta é uma verdade maravilhosa, capaz de tornar insignificante toda e qualquer tempestade que cair sobre nós durante a caminhada!


Nilson Antônio da Silva

terça-feira, 8 de julho de 2008

“Envia Teu Espírito, Senhor, e Renova a Face da Terra”


Palavras bonitas são estas, com tão profundo significado e tão envolvente esperança para o mundo.
Nestes tempos em que a humanidade mergulha em densas trevas de egoísmo, em que a vida vai perdendo para os valores da morte, a palavra de Deus vem em socorro daqueles que, desesperados e desanimados diante de tanta dor e sofrimento, esperam e confiam em seu Criador. A vida, que é reflexo da glória de Deus, é ameaçada e desvalorizada por aqueles que cultuam a si mesmos e aos próprios projetos egoístas. Todo aquele que fere e destrói a obra de Deus, põe-se contra a vontade do Senhor e, voluntariamente, vai se afastando da Fonte da Vida e mergulha irremediavelmente nas profundezas da ausência de Deus, isto é, nos abismos escuros do inferno.
Ora, a vida de inocentes é ameaçada e, para grande desgraça de todos nós, tal ameaça tem o aval da sociedade em que vivemos. Como pode um ser humano, que possui alma e é gente desde o momento de sua concepção, gritar de dentro do seio de sua mãe que deseja viver e admirar as estrelas do céu e sentir o calor do sol? Não lhe é possível fazer isso, mas nem por isso ele deixa de ser gente e se torna uma coisa sem alma, como se não passasse de um pedaço daquela que o gerou.
Vivemos numa sociedade cujos deuses são o hedonismo e a morte. Vivemos numa sociedade cujos valores estão fundamentados no mais refinado egoísmo. Vivemos numa sociedade que levanta a bandeira do serviço voluntário numa mão enquanto ergue uma arma na outra.
E nós, que cremos em Nosso Senhor, que podemos esperar? Como o profeta antigo já dizia, neste mundo somos apenas peregrinos em busca da Pátria Celeste. Viemos de Deus porque Deus nos criou à sua imagem e semelhança. Assim, sentimos como que uma imensa saudade da casa de Deus, isto é, do Céu, e ansiamos pelo dia em que viveremos eternamente junto de nosso Criador. Entretanto, isto não é motivo nem razão para nos alienarmos das dores, sofrimentos e erros em que a sociedade mergulha de cabeça. Como filhos de Deus, somos co-responsáveis pelos cuidados para com a sua obra. Torna-se um grave erro de nossa parte quando cedemos à tentação covarde de abandonar nossos semelhantes e irmãos em seus próprios erros e caminhos de morte. Se fizermos isso, estamos cultuando o deus do egoísmo e, certamente, não seremos recebidos pelo Senhor ao final de nossa peregrinação aqui na terra.
É triste ver tanta dor ao nosso redor, é doloroso saber que pouco podemos fazer diante de uma cultura massificadora que gera morte e prazer desenfreado. Tantas vezes, nestes últimos tempos, a voz daqueles que crêem em Deus é abafada pelo grito daqueles que cultuam a morte. E quem cultua a morte? São adoradores da morte aqueles que defendem e apóiam o aborto, aqueles que defendem e apóiam a eutanásia, aqueles que exploram os mais simples e humildes, aqueles que se aproveitam sexualmente de crianças e adultos, aqueles que agridem e destroem as maravilhas da criação de Deus... e aqui caberiam muitos outros que praticam atitudes abomináveis diante do Senhor. Neste ponto, é preciso ser franco: todo aquele que é adorador da morte na verdade é adorador do diabo, pois o diabo é o autor do pecado, e o pecado é o causador da morte. Desde o primeiro profeta, passando pelos mártires e santos, até chegar aos dias de hoje, esta é uma verdade que nunca deixou-se calar.
Agora, cansados da poeira da estrada em que caminhamos, todos nós, filhos de Deus e seguidores de Jesus, gritamos e imploramos: “Envia teu espírito, Senhor, e renova a face da terra”!
Como num vendaval terrível, pedimos que teu espírito vivificante venha purificar este mundo tão sujo de pecado e dissipar as trevas do erro que cobrem a humanidade. Queremos que o teu espírito fecunde as mentes daqueles que escrevem as leis da nossa sociedade para que despertem para a vida e reconheçam que há somente um Deus único e verdadeiro, o criador de tudo e de todos, o Senhor que dá a vida e a mantém existindo. Sem Deus, tudo volta ao nada, de onde foi tirado. É apenas isto que a humanidade precisa entender. Apenas isto!

Nilson Antônio da Silva

terça-feira, 1 de julho de 2008

A Memória


Hoje em dia, todos certamente concordarão, vivemos num ritmo acelerado em que tudo chega até nós em quantidades imensuráveis. Uma enorme quantidade que nem sempre vem acompanhada de qualidade.

Somos bombardeados por informações das mais diversas possíveis; lemos jornais, livros e revistas sobre os mais variados assuntos; assistimos filmes e seriados e telejornais que abordam os mais vastos temas... Enfim, vivemos numa sociedade fundamentada na informação e na transformação constante. Então, como agir diante de tudo isso? Melhor ainda, como reagir de forma a guardar apenas o que realmente é importante e necessário para melhorar a nossa vida?

Ora, nossa mente não é capaz de manter tudo que chega a ela sem parar. É preciso que haja critérios de escolha para preservar o que é bom e descartar o que é ruim. E como fazer isso?

Santo Agostinho, doutor da Igreja, indica-nos um caminho ao qual podemos nos lançar confiantes em suas palavras... Ele fala sobre a memória, a memória individual que nos faz e nos constitui como pessoa única. Esta mesma memória, segundo o Hiponense, leva-nos a sentirmos saudades de Deus, nosso criador e salvador, porque traz preservado em nossa alma a lembrança da felicidade eterna.

"Chego aos campos e vastos palácios da memória onde estão os tesouros de inumeráveis imagens trazidas por percepções de toda espécie. Aí está também escondido tudo o que pensamos, quer aumentando quer diminuindo ou até variando de qualquer modo os objetos que os sentidos atingiram. Enfim, jaz aí tudo o que se lhes entregou e depôs, se é que o esquecimento ainda o não absorveu e sepultou... ...Quem poderá explicar o modo como elas se formaram, apesar de se conhecer por que sentidos foram recolhidas e escondidas no interior?..."

Sem memória, o que somos? É na memória que nos reconhecemos como pessoa única diante do mundo e diante de Deus, com todas as responsabilidades que este reconhecimento nos leva a aceitar e cumprir.

Nilson Antônio da Silva