sábado, 18 de agosto de 2007

A História de Lázaro


A história de Lázaro contada por Jesus traz em si muitos significados. Além do sentido primeiro, que fala da vida eterna ao lado de Deus e da condenação ao fogo eterno, podemos ver o sentido da parábola em relação aos nossos sentimentos.
Durante a vida, podemos ocupar o lugar do rico opulento e arrogante ou podemos tomar o lugar do mendigo humilde e doente. O mais grave é que o lugar que ocuparmos é de escolha livre e espontânea nossa. Não somos obrigados a ser um ou outro. Se quisermos, podemos perfeitamente ser igual ao homem rico, ter nossa mesa bem farta, viver fazendo festas, conviver com aqueles que enchem nossa casa em dias festivos. Se quisermos, podemos perfeitamente ser igual ao homem pobre, ter um coração humilde, cheio de feridas e sofrimento, mendigar migalhas e migalhas... E qual é a diferença? Depende do final da história que quisermos para nós.
Ora, quantas vezes não ficamos à porta de corações mendigando migalhas de compreensão que nos são negadas, mendigando migalhas de perdão que nos são jogadas às vezes por obrigação, mendigando migalhas de carinho que mal alcançam nossas mãos, mendigando migalhas de amor que são levadas pelo vento... Quantas vezes a única companhia que temos é dos cães e o único gesto de acolhimento é dos mesmos cães a lamberem as feridas de nossa alma? Quantas e quantas vezes nosso olhar sedento e faminto se perde nas mesas fartas e festivas, às quais nos é negado estar presentes?
E nossa esperança? Onde fica?
Repousa nos braços do Senhor nosso coração e nossa alma anseia pela contemplação da face de Deus. Somente o infinito amor de Deus é capaz de preencher o infinito vazio de nossa alma. Somente a infinita ternura de Deis é capaz de curar as feridas dolorosas de nosso coração. Somente em Deus encontraremos o repouso e a paz porque anseia cada um de nós.
Na eternidade, junto de Deus, teremos realizados plenamente tudo de bom que sentimos para com aqueles com quem convivemos. Junto de Deus, amaremos eternamente todos aqueles a quem amamos e estaremos eternamente ao lado daqueles que nos são queridos. Também é preciso lembrar que, na eternidade, distante de Deus, haverá um terrível tormento causado pelo afastamento daqueles com quem convivemos. Longe do Senhor, existirá uma dor eterna feita de ódio a Deus, de ódio aos outros e de ódio a si mesmo.

Nilson Antônio da Silva